Esta questão surge após ler um hilariante e desconcertante episódio ocorrido na pessoa Santa Teresa de Calcutá (mais conhecida como a Madre Teresa de Calcutá). “Amar é doar-se até doer” foi a sua resposta quando interpelada por uma jornalista que a acompanhava na sua missão pastoral e caritativa.
Para compreendermos melhor esta expressão convém perceber o contexto da mesma. Como referi anteriormente, a Santa Madre Teresa estava a dar banho a um leproso. Até aqui tudo normal. Porém, para grande perplexidade da jornalista, a Madre, enquanto banhava o pobre enfermo e além de não usar qualquer fato de proteção – e bem sabemos como a lepra é contagiosa (!) –, não parava de sorrir e de acariciar aquele sofredor. Atónita e perturbada, a jornalista afirma: “Madre, eu nem por um milhão de dólares faria o que a senhora está a fazer”! Ao que a Madre respondeu: “Nem eu. Eu não o faço por dinheiro, mas por amor”. Assombrada por esta afirmação, a jornalista faz a mais importante das questões: “Madre, o que é isso de amar? O que é o amor”? Tome atenção à resposta da Madre, estimado leitor. “Estimada senhora – respondeu ela –, amar é doar-se até doer”. Com esta resposta a jornalista ficou apavorada. No entanto a jornalista insiste e instiga: “Até doer”? Sim – diz a Madre –, “até doer”. Na verdade, nós só nos sacrificamos por quem verdadeiramente amamos, não é assim?
Curiosamente, o grande Santo Agostinho, também afirmou a este propósito: “Se não queres sofrer então não ames, mas se não amas para quê viver?” Na verdade, qual é o sentido da vida se não tivermos quem amar ou ter quem nos ame? Aliás, feliz são aqueles que têm quem os ame e que têm quem amar. O amor é sempre o motor vital que sustenta e eleva a natureza. É ele que nos transforma, é ele que nos modela, é ele que nos regenera.
Quando tocados pelo amor, o amor muda-nos a partir de dentro. Somos, portanto, convertidos para uma nova e mais plena realidade. E é precisamente aqui que Deus actua. Saibamos que é – sempre – Deus vem ao meu e ao nosso encontro para me e para nos libertar de nós próprios, do pavão e do orgulhoso que em nós habita e que teimosamente quer reinar. Tomando consciência disso mesmo, urge que tenhamos a coragem e a ousadia de nos confrontarmos connosco mesmos e, confrontados, sentiremos inexplicavelmente o amor misericordioso de Deus. Um amor que descompõe, que nos desinstala e que nos converte para uma nova e definitiva mentalidade, um novo modo de ser e de estar. É este o amor proclamado pelos santos da Santa Igreja de Deus ao longo dos mais de vinte séculos de vida e de história.
Termino com uma estória que ouvi recentemente. Alguém perguntou qual seria o local mais rico à face da terra. Uns respondiam Dubai, outros a China ou EUA, mas todos erraram. Na verdade, o local mais rico do mundo é o cemitério. O cemitério? Sim, o cemitério. Pois nele está sepultado imensas empresas que poderiam mudar o mundo, nele estão sepultadas infindáveis canções e músicas que alegrariam o coração da humanidade, nele estão sepultados incontáveis poetas que trariam luz à alma da humanidade, nele estão sepultados o amor que poderíamos ter dado e vivido e não demos, nem vivemos. Por isso, o Senhor grita insistentemente ao nosso coração para nos alertar de que estamos proibidos de matar e de morrer com tanta coisa boa e bela que temos no nosso coração. Aceitemos este desafio: deitemos para fora e saibamos dar o melhor que há em nós!



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